Requies

Detesto esta necessidade de estar sempre fazendo algo.
Mal acordo, já estou devendo ao mundo um propósito.
O corpo mal se endireita e a alma já está sendo cobrada por ser produtiva.
Que civilização é esta onde parar é falhar?
Onde respirar fundo parece falta de ambição?
Há uma engrenagem invisível que me mastiga enquanto ando —
E eu nem sei mais se ando por escolha ou por costume.
Tudo em mim grita por uma pausa — mas a pausa foi criminalizada.
O descanso virou subversão.
E no entanto, há algo em mim — talvez a última sanidade — que me diz que Deus descansou.
DEUS descansou!
O Eterno pôs-se de lado, cruzou os braços e contemplou.
E eu, pobre engenheiro de sonhos desconexos, me nego esse direito?
A alma quer um sábado.
Um dia em que eu não precise fingir que estou bem, um dia em que o mundo me permita não ser útil.
Um dia em que o tempo não me empurre — mas me acolha.
Senhor, Tu criaste o mundo e também criaste a pausa.
Dá-me pois o Teu sábado e esse sétimo dia que nunca chega.
Porque viver só nos seis dias é morrer em prestações.
~elion
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